segunda-feira, 21 de novembro de 2011

reflexos


No espelho a imagem surgiu
aparentemente igual ao modelo
que em frente se postou.

Olho para ela
e estranho o seu reflexo
não a reconhecendo
tão esbatida ela se encontra
no meio de outras mais fortes
que se encontram dispersas pelo espelho.

Límpidas, enubladas e muito carregadas
algumas são conhecidas
outras são completamente novas
no que é o meu conhecimento.

Não falam do passado
mas sim do presente que corre
e também, talvez, do futuro desconhecido
imaginado, sonhado e vislumbrado
no permeio dos sonhos
durante as noites silenciosas
e tortuosas.

Tento decifrar a mensagem 
mas as peças não encaixam
e convenço-me que é mesmo assim 
cada uma é o que é
sem sentido 
aparentemente!!!!

Maria

retrato ardente

com lápis de carvão
e uma folha de papel
rabisco traços 
ao sabor das imagens 
que a memória me dita.

alguns duros e fortes
outros mais suaves e esbatidos
tudo representa algo 
emoções  e sentimentos
prazeres e desprazeres 
alegrias e tristezas.

devaneios e loucuras 
que ficam registados 
e que um dia talvez 
os ofereça a quem os motivou 
pelo gosto da partilha 
pela surpresa de mais um mistério 
que esta arte revelará
de mim própria .
Maria

Entre os teus lábios
é que a loucura acode,
desce a garganta,
invade a água.

No teu peito
é que o pólen do fogo
se junta à nascente,
alastra na sombra.

Nos teus francos
é que a fonte começa
a ser rio de abelhas,
rumor de tigre.

Da cintura aos joelhos
é que a areia queima,
o sol é secreto
cego o silêncio.

Deita-se comigo.
Ilumina meus vidros.
Entre lábios e lábios
toda a música é minha.

(Eugénio de Andrade)

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

a idade do céu

"As recordações mais dolorosas são as que nos doem na memória…”

Miguel Torga 



quarta-feira, 16 de novembro de 2011

quase ...

na ilusão do mundo 
somos um tudo de nada
e um nada de tudo 





Um pouco mais de sol – eu era brasa,
Um pouco mais de azul – eu era além.
Para atingir, faltou-me um golpe de asa…
Se ao menos eu permanecesse aquém…
Assombro ou paz? Em vão… Tudo esvaído
Num grande mar enganador de espuma;
E o grande sonho despertado em bruma,
O grande sonho – ó dor! – quase vivido…

Quase o amor, quase o triunfo e a chama,
Quase o princípio e o fim – quase a expansão…
Mas na minh’alma tudo se derrama…
Entanto nada foi só ilusão!

De tudo houve um começo … e tudo errou…
— Ai a dor de ser — quase, dor sem fim…
Eu falhei-me entre os mais, falhei em mim,
Asa que se elançou mas não voou…

Momentos de alma que,desbaratei…
Templos aonde nunca pus um altar…
Rios que perdi sem os levar ao mar…
Ânsias que foram mas que não fixei…

Se me vagueio, encontro só indícios…
Ogivas para o sol — vejo-as cerradas;
E mãos de herói, sem fé, acobardadas,
Puseram grades sobre os precipícios…

Num ímpeto difuso de quebranto,
Tudo encetei e nada possuí…
Hoje, de mim, só resta o desencanto
Das coisas que beijei mas não vivi…

Um pouco mais de sol — e fora brasa,
Um pouco mais de azul — e fora além.
Para atingir faltou-me um golpe de asa…
Se ao menos eu permanecesse aquém…

Mário de Sá Carneiro 

domingo, 13 de novembro de 2011

é preciso que assim seja



a "história"organiza-se 
numa sequência suave 
num ritmo cadenciado 
inócua ao tempo 
e à vontade.

sem ordem
nem propósito
a mensagem é escrita 
para ser lida 
interpretada
e aplicada.

urge o tempo  
é necessário fazer 
tudo tem que ser cumprido
e vai ser 
é preciso que assim seja ...

Maria 

sábado, 12 de novembro de 2011

only time

no sono da noite 
a música deu-me a resposta  
às incompreensões e incertezas 
que me têm acompanhado
nestes últimos dias

acordo com certezas 
e procuro na memória do tempo 
as palavras 
que num dia qualquer 
alguém escreveu 
numa folha de papel 

"sou o que sou porque assim sou ou alguém me fez assim. talvez algum dia mude. se isso acontecer é porque eu mudei ou algo me fez mudar" 

Maria




"Depois de algum tempo, você aprende a diferença, a subtil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma. E você aprende que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança. E começa a aprender que beijos não são contratos e presentes não são promessas. E começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança.

E aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão. Depois de um tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo. E aprende que não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam... E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la, por isso. Aprende que falar pode aliviar dores emocionais.


Descobre que se levam anos para se construir confiança e apenas segundos para destruí-la, e que você pode fazer coisas em um instante das quais se arrependerá pelo resto da vida. Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias. E o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida. E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher. Aprende que não temos que mudar de amigos se compreendemos que os amigos mudam, percebe que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos.


Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa, por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas, pode ser a última vez que as vejamos. Aprende que as circunstâncias e os ambientes tem influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos. Começa a aprender que não se deve comparar com os outros, mas com o melhor que pode ser. Descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que quer ser, e que o tempo é curto. Aprende que não importa onde já chegou, mas onde está indo, mas se você não sabe para onde está indo, qualquer lugar serve. Aprende que, ou você controla seus actos ou eles o controlarão, e que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem dois lados.


Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as consequências. Aprende que paciência requer muita prática. Descobre que algumas vezes a pessoa que você espera que o chute quando você cai é uma das poucas que o ajudam a levantar-se.


Aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve e o que você aprendeu com elas do que com quantos aniversários você celebrou. Aprende que há mais dos seus pais em você do que você supunha. Aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens, poucas coisas são tão humilhantes e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso.


Aprende que quando está com raiva tem o direito de estar com raiva, mas isso não te dá o direito de ser cruel. Descobre que só porque alguém não o ama do jeito que você quer que ame, não significa que esse alguém não o ama, contudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso.

 
Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem que aprender a perdoar-se a si mesmo. Aprende que com a mesma severidade com que julga, você será em algum momento condenado. Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte. Aprende que o tempo não é algo que possa voltar para trás.

Portanto... plante seu jardim e decore sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores. E você aprende que realmente pode suportar... que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida!"
 
William Shakespeare

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

meu tempo é quando ...



De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.

A oeste a morte

Contra quem vivo
Do sul cativo
O este é meu norte.

Outros que contem

Passo por passo:
Eu morro ontem

Nasço amanhã

Ando onde há espaço:
– Meu tempo é quando.
(Vinícius de Moraes)